PF desarticula esquema de venda de sentenças no Maranhão; advogado joga celular pela janela

 

O advogado maranhense Carlos José Luna dos Santos Pinheiro, um dos principais alvos da Operação 18 Minutos, deflagrada pela Polícia Federal, se tornou figura central em um escândalo que abala o Judiciário do Maranhão. A investigação apura um esquema milionário de venda de sentenças no Tribunal de Justiça do estado, envolvendo magistrados, servidores e advogados.

Segundo a PF, Luna é apontado como o operador financeiro da desembargadora Nelma Sarney, considerada o epicentro da organização criminosa. Ele seria responsável por movimentar dinheiro ilícito, pagar propina e lavar dinheiro para garantir decisões judiciais favoráveis a clientes. O inquérito indica que o advogado participou de pelo menos nove processos judiciais fraudados e teria realizado 413 atos de lavagem de dinheiro.

Um dos momentos mais inusitados da operação foi protagonizado por Luna. Ao perceber a chegada dos agentes da PF em seu prédio, ele jogou o próprio celular do 10º andar. O aparelho foi recolhido por um porteiro, mas estava danificado, inviabilizando a extração de dados. O ato foi interpretado pela polícia como uma clara tentativa de obstrução da justiça, o que agravou sua situação.

A Operação 18 Minutos revelou a estrutura do esquema, que se dividia em três núcleos: o judicial, com os magistrados; o causídico, composto por advogados como Luna; e o operacional, encarregado da lavagem de dinheiro. A estimativa da PF é que o grupo tenha movimentado mais de R$ 54 milhões com decisões ilegais, incluindo um alvará judicial de R$ 14,1 milhões liberado em tempo recorde, que inclusive deu nome à operação.

Luna, juntamente com outras 22 pessoas, foi indiciado. A investigação continua em andamento e, apesar de tramitar em segredo de justiça, já expõe uma crise de integridade no Judiciário maranhense.

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